Fechando uma década de Moda

Lenço étnico Balenciaga e o estilo "destroyed" da Balmain com a skinny

Neo Minimalismo da Chloé

Louis Vuiton (no centro) e Prada confrontando a onda minimalista com o exgero do Camp.

As décadas passadas eram facilmente identificadas em termos de tendência. Os anos 80, por exemplo, ficaram marcados como a década do exagero em todos os sentidos, maquiagem, cabelos, cores, modelagem. Basta assistir a reprise da novela Vale Tudo para relembrar as enormes ombreiras, brincos dourados e gigantes, maquiagem forte, mangas bufantes, balonês e por aí vai. E olhem que a novela marcou o final da década de 80. Já a década de 90 mostrou-se contrária aos exageros com o seu Minimalismo de formas limpas e cartela de cores suaves e claras. Representante máximo do da tendência minimalista, Narciso Rodriguez. A primeira década do século XXI trouxe, para a Moda, muito mais tendências do que os anos anteriores, isso porque o ciclo da moda acelerou e o tempo entre as coleções diminuiu. Hoje não temos apenas coleções de Primavera/Verão ou Outono/Inverno. Temos Alto Verão, Pré-Outono e Coleções Cruzeiro, sem falar na Alta Costura que ainda representa o luxo e a exclusividade consumidos por poucos mortais em todo mundo. Por isso a primeira década dos anos 00 veio não só com uma tendência característica e marcante, mas várias. Podemos destacar o elemento étnico usado em várias coleções (lenço étnico Balenciaga, sendo a versão do lenço palestino usado pelos simples mortais há muito tempo antes de Ghesquière colocar nas passarelas); as roupas puídas (Balmain sendo o melhor representante); a influência do sporstwear, do streetwear e das lingeries (boudoir) no prêt-à-porter; o estilo high-low; o uso de materiais ecológicos; alfaiataria estruturada ou desconstruída e muitos outros elementos. Alguns demoraram estações e outros não. Agora, o final da década está sendo marcado pela volta dos anos 70 com seu lado “glamour” (cintura alta, pantalonas, vestidos esvoaçantes e longos), pelo Neo-Minimalismo (com linhas limpas, mas geométricas e sensuais), pelo estilo Ladylike dos anos 50 com suas saias rodadas ou lápis estreadas principalmente pela Louis Vuitton e por Prada nas suas coleções de Inverno 2010/11 (oposto ao estilo “sexy woman” das skinnys e das saias curtas) e pelo Camp também estreado na passarela das coleções de Verão 2011 da Louis Vuitton e da Prada.
Dizer o que pegou da década e o que não pegou, o que fica e que não fica é um pouco difícil já que existem elementos como o estilo próprio e o gosto pessoal. Um ponto importante na moda agora do final da primeira década de 00 é justamente o caráter atemporal que algumas marcas tentam dar às suas criações. Ainda assim vai sempre depender do consumidor. O caso do Clog, é um exemplo de gosto pessoal e também do tempo que se leva para um modelo, criado pela Chanel no seu Verão 2010, levou para chegar às grandes massas. À primeira vista, vendo o desfile de Karl Lagerfeld, confessamos não ter achado o clog (mesmo sendo Chanel) um ideia que pegaria, achei ultrapassado (olha a audácia diante do kaiser da Moda), mas depois de ver o acessório combinado em algumas produções, começamos a achar interessante e até original. Bom, primeiro as mais estilosas usaram, daí as marcas de sapatos mais conhecidas no Brasil começaram a lançar seus modelos, mas só agora é mais fácil encontrar clogs em quase todas as lojas (isso pode até ser influência da novela Ti Ti Ti, já que as personagens de Cláudia Raia e de Fernanda Souza usam sempre nas cenas). Acreditamos que o clog tem vida útil e não dura muito. Pelo menos não se vê nas ruas facilmente. Já a midi-skirt, aqui chamado de longuete (não simpatizamos muito com o nome), acreditamos que dura mais. Porém não é aquele longuete que algumas usam em casamentos e que mais parecem camisolas bordadas, literalmente no meio da canela (horreeeeeendo), mas sim o comprimento midi inspirado nos anos 50 ou aquele comprimento elegantemente usado pela atriz Carey Mullingan em alguns tapetes vermelhos. O Neo-Minimalismo ainda fica em algumas temporadas mais, apesar de já ter sido confrontado pelo Camp de Marc Jacobs e de Miuccia Prada. Bom, a Moda é um ciclo onde uma tendência convive com outra ou confronta outra, elementos do passado voltam renovados e por aí vai. O importante é ter estilo próprio, ser original e se sentir bem.